terça-feira, 5 de março de 2013

Sofrimento para se aposentar no Brasil


                          Brasileiros são obrigados a continuar na ativa por mais de sete anos, 
                          para completar INSS

Fernando Henrique não gosta de ficar parado e precisa permanecer no mercado porque aposentado
há uma década e meia, Fernando Henrique Soares, de 74 anos, continua como vendedor na Casa
Cabana, uma tradicional loja de chapéus e acessórios no Centro de Belo Horizonte, por dois motivos: complementar a baixa renda garantida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e porque
avalia que ainda tem muita disposição para contribuir com a economia do país.
“O benefício recebido do INSS corresponde a pouco mais de um salário mínimo (R$ 678). Preciso, portanto, permanecer na ativa. E também não gosto de ficar parado”, reforçou o homem, cuja
história ajuda a ilustrar um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Batizada de Envelhecimento populacional, perda de capacidade laborativa e políticas públicas,
a pesquisa constatou que os homens brasileiros que recebem a aposentadoria por tempo de
contribuição podem “esperar passar”, em média, mais sete anos e três meses trabalhando.
No caso das mulheres, cinco anos e quatro meses. Em outras palavras, as autoras do texto
– Ana Amélia Camarano, técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas

Sociais do Ipea, e as bolsistas Solange Kanso e Daniele Fernandes – concluíram que “os
trabalhadores brasileiros começam a receber o benefício da Seguridade Social antes de perderem a capacidade de trabalhar”.Atualmente, o trabalhador se aposenta por tempo de contribuição
(35 anos para homens e 30 para mulheres) ou por idade (65 anos para eles e 60 para elas, desde
que, independentemente do sexo, tenham contribuído com o INSS por pelo menos uma
década e meia).
As pesquisadoras do Ipea basearam o estudo em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), como a tábua da vida, que mede a expectativa do brasileiro ao nascer. Em 2011,
a dos homens era de 70,6 anos, a das mulheres, 77,7 anos.

Porém, os homens que passaram a receber o benefício por tempo de contribuição, segundo dados
de 2010, se aposentaram aos 55,1 anos e o utilizaram, em média, por 24,6 anos. As mulheres se aposentaram, em média, aos 52,7 anos, recebendo o benefício por 31,3 anos.
“Considerando que o aumento da esperança de vida tem sido acompanhado por melhorias nas
condições de saúde, e diante da preocupação com o envelhecimento ativo e a redução no futuro
próximo da oferta de força de trabalho, seria importante criar políticas para manter o trabalhador
na ativa o maior número de anos possível”, avaliaram as pesquisadoras no texto divulgado ontem.o
dinheiro pago pela Previdência é insuficiente

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