domingo, 20 de janeiro de 2013

Prefeito ladrão

Dermeval Barboza (foto: Carlos Wrede/O Dia)

Enquanto a população de Nova Friburgo - RJ e de toda a região Serrana atingida pelas enchentes da madrugada de 12 de janeiro de 2011 tentava se reerguer em meio aos destroços, bandidos desviavam parte dos recursos remetidos pelo governo federal. Dos R$ 10 milhões que a prefeitura daquela cidade recebeu, pelo menos R$ 3 milhões foram parar no bolso de canalhas corruptos, tudo sob a batuta do então prefeito, Dermeval Barboza, segundo a Procuradoria da República.
Nem o sofrimento dos 180 mil habitantes comoveu a verdadeira quadrilha montada pelo esquema de

corrupção que tomou conta de toda a região. Foram 428 mortos. Além disso, algumas semanas depois
da tragédia, um surto de leptospirose, doença provocada pela urina dos ratos que empesteavam
residências, escolas e hospitais se espalhou por todos os cantos. A corrupção, tão daninha quanto a peste, mostrou-se imune à dor da população. Os R$ 400 mil pagos à empresa de dedetização contratada pela prefeitura foram desviados em saques na boca do caixa do Banco do Brasil, entre março e junho de 2011. As câmeras de segurança filmaram tudo. Além dos saques, a quadrilha se beneficiou de fraudes nas licitações, em pagamentos por serviços não prestados e superfaturamento nos preços em vários tipos de obras: da limpeza das ruas à reconstrução de prédios públicos.
Uma grande festa, tradicional na política brasileira, financiada pelo dinheiro que deveria ser utilizado para, pelo menos, amainar a dor e devolver um pouco da dignidade das vítimas atingidas pela tragédia.

Dois anos depois da tragédia, a Procuradoria da República ainda investiga o desvio de verbas.
Muitos detalhes da roubalheira já são conhecidos, mas o conteúdo das câmeras de segurança permaneceu
inédito até o mês passado, quando foram apresentadas à Justiça Federal, como peça da denúncia formulada
contra um grupo de 20 pessoas envolvidas na fraude.

As cenas (que você pode assistir clicando aqui, porque o vídeo não foi disponibilizado pela revista Época)
mostram, com exclusividade, dois empresários, donos da dedetizadora, dentro da agência bancária,
esperando atendimento, e, depois, enchendo uma mochila e envelopes com maços e maços do dinheiro
destinado ao socorro das vítimas. Os dois se faziam acompanhar, ora do principal assessor do gabinete
da prefeitura, ora de um amigo de longa data do então prefeito Dermeval Barboza, eleito pelo PMDB e hoje
no PT do B, denunciado por lavagem de dinheiro, fraude em licitação e corrupção passiva.

- As imagens são muito eloquentes. Era muito dinheiro, um monte, que botavam numa espécie de saco
sem parar. É algo muito chocante, se pensarmos nas carências do país e no que a população de Nova Friburgo sofria naquele momento - disse Rogério Soares do Nascimento, procurador regional da República.

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