As investigações da Delegacia Fazendária (Delfaz) sobre o caso da menina Adrielly comprovaram que
o neurocirurgião Adão Orlando Crespo não comparecia aos plantões no Hospital municipal Salgado Filho,
no Méier, no Subúrbio do Rio, há pelo menos cinco anos.
A informação foi confirmada pela polícia na noite desta sexta-feira (11/01/13).
As faltas do médico vieram à tona depois que ele não compareceu ao plantão na unidade na noite do
dia 24 de dezembro, quando a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, baleada na cabeça, teve de
esperar oito horas por uma cirurgia. A criança morreu no dia 4 de janeiro, no Hospital municipal Souza Aguiar, para onde havia sido transferida.
De acordo com a titular da Delegacia Fazendária, Izabela Santoni, um outro médico do Hospital Salgado Filho, cujo nome não foi divulgado, trabalhava nos plantões no lugar de Adão Crespo.
"Há pelo menos cinco anos, um outro médico do próprio hospital usava a matrícula do Adão e tirava os plantões por ele. Era esse médico que efetivamente trabalhava. Isso era um acordo entre eles", afirmou a delegada, acrescentando que esse médico, além do chefe do plantão e chefe do setor de neurocirurgia foram chamados para prestar depoimento sobre o caso.
Procurado pelo G1, o médico negou que faltasse ao plantão há cinco anos, mas confirmou que usava um substituto. Segundo ele, essa prática era comum entre os médicos do Hospital Salgado Filho há cerca de dois anos.A Secretaria municipal de Saúde disse que o processo administrativo disciplinar instaurado vai apurar todos os aspectos do caso para definir as responsabilidades e aplicar aos eventuais responsáveis as sanções previstas.Chefes afastados A secretaria municipal de saúde afastou preventivamente dos cargos de chefia dois funcionários que trabalhavam na noite do dia 24 de dezembro no Hospital Salgado Filho. O chefe do plantão Ênio Lopes e o chefe do setor de recursos humanos, Alexandre Moreira de Carvalho.
Segundo Izabela Santoni, a polícia já solicitou ao hospital os prontuários do neurocirurgião Adão Orlando
Crespo, mas até a noite desta sexta-feira não tinha recebido documento algum. "Não deve ter prontuário dele porque ele não trabalhava. De qualquer forma, nós pedimos todos os prontuários do plantão", disse.
Adão Orlando Crespo foi indiciado nesta sexta-feira por estelionato, já que recebia salário sem trabalhar.
O neurocirurgião já havia sido indiciado por omissão de socorro no inquérito da 23ª DP (Méier) na terça-feira (8/01/13).
Menina morreu porque médico faltou o plantão
Médico culpado pela morte da menina
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